domingo, 11 de abril de 2010

11ª Meia-maratona Vigo-Baiona, de 11Abr2010 (1ª mensagem de 3): CRÓNICA

No dia 11 de Abril de 2010, os Suicidas Brácaros participaram pela primeira vez numa prova no estrangeiro: na 11ª edição da Meia-maratona Vigo-Baiona ("Vig-Bay Medio Maratón Gran Bahía Vigo-Nigrán-Bayona"). Embora desfalcados, pois o Zé e o Nuno não puderam ter a companhia sempre animadora do Luís, os SB não quiseram deixar de representar Braga, Minho e Portugal nesta prova realizada a apenas uma hora de caminho de Braga.
     Dado que, em Espanha, a diferença horária é de +1hora, a participação nesta prova exigia o esforço suplementar de se acordar pelas 6h da manhã, a fim de se sair de Braga pelas 7h e demorar cerca de 1h10m na viagem, chegando a tempo de procurar estacionamento, de se precaver para atrasos e imprevistos e de se ultimar a logística, nomeadamente levantar os dorsais pelas 8h30m (9h30m espanholas), uma hora antes da partida. Não obstante os dois atletas participantes, no dia anterior, terem, naturalmente, acompanhado o Enorme S.C.Braga na deslocação a Leiria, juntamente com 8000 Bracarenses, de onde vieram regalados com a vitória, e tendo chegado a Braga perto da 1h da manhã, o facto de terem tido escassas 4 horas para dormir antes da Meia-maratona Vigo-Baiona não os demoveu dos seus objectivos de participação na mesma. 

Tempo: um glorioso dia de sol, de céu limpo, com a temperatura no intervalo de 24ºC-28ºC, dependendo da hora e da zona do percurso. Toda a prova decorreu sob um sol que, não sendo abrasador, afectou a disponibilidade física dos atletas, sobretudo pelo facto de os atletas dos Suicidas Brácaros ainda não terem tido, este ano, oportunidade de treinar com calor (a não ser uma única vez, e em contexto competitivo, na Meia-maratona de Lisboa de 21 de Março passado).

Percurso: o percurso da Meia-maratona Vigo-Baiona situa-se ao longo de três concelhos - Vigo, Nigrán e Baiona - em cujos territórios se situa a chamada "Gran Bahía" (Grande Baía) que, após investigação, julgamos ser a denominação da reentrância de mar imediatamente a Sul da Ria de Vigo, que não se considera como parte da mesma, embora registe idênticas características (mapa).
     Inicia-se em frente à praia de ria de Samil, em Vigo e em frente também ao Museu Verbum - Casa das Palavras (onde se levantavam os dorsais), seguindo depois para Sul. Após cerca de 1km, dá-se a volta, regressando-se ao local da partida, para se completar um círculo e se prosseguir de novo em direcção a Sul, tomando-se uma estrada nacional que acompanha a costa, ligeiramente afastada da mesma, pelo que o mar/a ria são uma companhia visual quase constante. O percurso decorre ao longo da referida estrada até cerca do km 14, no concelho de Nigrán, onde se vira à direita em direcção à praia América, a partir da qual se ruma directamente a Baiona pela estrada mais junto da ria, até terminar em frente à marina da referida localidade.
     É um percurso relativamente agradável à vista, essencialmente na parte final do concelho de Nigrán e na parte inicial do concelho de Baiona, onde há passadiços paralelos à ria para passeios pedonais ou de bicicleta.

Em termos técnicos, realça-se no percurso uma subida relativamente longa que, em grande parte da sua extensão, tem uma inclinação significativa - a mais inclinada que até agora encontrámos numa meia-maratona embora não a mais comprida [subida acumulada de 43m, ao longo de 1,3km, com uma inclinação média de 3,3%, entre o km 6,6 (3m altit.) e o km 7,9 (46m altit.)]. Outras subidas sucederam à referida, mas sem acrescentarem intensa dificuldade extra, que acabam até por ter um importante lado positivo, pois ajudam a que não se instale a desmotivante monotonia ao longo da prova.
     Por sua vez, a segunda metade do percurso praticamente não tem subidas, caracterizando-se por se desenvolver numa descida longa e de inclinação muito reduzida até ao final do concelho de Nigrán, até à ponte da Ramalhosa ("puente de la Ramallosa"), sobre um pequeno rio - o rio Minhor (rio "Miñor"), que separa Nigrán e Baiona. Os últimos 3,5km, desde que se entra no concelho de Baiona até à meta, decorrem em terreno plano. O gráfico do perfil de inclinações da prova encontra-se aqui
Aqui está o percurso da corrida, pronto para ser descarregado em inúmeros formatos.


De referir ainda quatro factos: dois bons e outros nem por isso...

  • O primeiro facto bom: embora não nos tenha parecido que a prova tenha despertado um intenso entusiasmo na comunidade extra-atletas, sobretudo na partida e na meta, ao longo da prova voltamos a assistir a aplausos e calor humano ao nível do que tínhamos encontrado no nosso Minho, na Meia-maratona de Viana, e que na Meia-maratona de Lisboa tínhamos sentido falta, excepto quando grandes grupos de curiosos se juntavam. Agradecemos às duas famílias que, morando por onde a corrida passava, forneceram mangueiras abertas junto à estrada para os atletas se refrescarem... Foram 5 décimos de segundo felizes!
  • O segundo facto bom: nesta prova, a organização fornecia um serviço que ainda não conhecíamos, a quem o tivesse solicitado na inscrição, que era o serviço de "guardarropa". Como não sabíamos o que era, pelo sim pelo não, e como não acarretava custo adicional, decidimos solicitá-lo, embora depois não tenhamos optado por usufruir dele, quer porque não tínhamos a certeza em que consistia, quer porque não precisávamos. Quando solicitámos o serviço, foi até na esperança de ser a disponibilização de um balneário com banho, mas este serviço consistia em fornecer ao atleta uma saca com o número do respectivo dorsal, para que ele, na zona da partida, metesse roupa e outros objectos que quisesse para depois levantar na zona da meta. Muito bem pensado este serviço, para se mudar de roupa ou, pelo menos, de camisola no fim da corrida.
  • Um dos factos menos bons: é sempre pena que um evento destes não inclua também uma mini-maratona e/ou uma caminhada, pois esse tipo de provas atraem imensa gente que vibra e faz festa e ajuda a que se crie um ambiente de maior entusiasmo... Todavia, dado que o percurso da meia-maratona não era circular, naturalmente compreendemos que seria muito mais complicado organizar uma prova de 6-7km concomitantemente com uma de 21,0975km, embora não impossível, se a tal prova começasse, por exemplo, em Nigrán, na Praia América, e os participantes seguissem, tanto quanto possível, pelos caminhos pedonais já existentes... Obrigaria, talvez, era ao corte ao trânsito da marginal de Baiona (para que os atletas da meia-maratona continuassem a ter, até ao fim, caminho separado dos participantes na caminhada) e, possivelmente, ao corte ao trânsito também do largo em frente à fortaleza de Baiona (para se ter espaço, na zona a seguir à meta, para o acréscimo de participantes).
  • O outro facto menos bom é relativo às casas-de-banho: embora houvesse casas-de-banho móveis junto do museu onde se levantavam os dorsais, eram em reduzido número (5 para homens e 1 para mulheres), tendo originado longas bichas e, na zona da meta, não havia nenhuma.



Quanto à ORGANIZAÇÃO DA PROVA, vamos analisá-la por partes, classificando cada ponto cuja análise se segue numa escala de 1 a 10:
  • Preço: 15€ pela inscrição parece-nos excessivo, tendo em conta as contrapartidas e também as provas em que já participámos antes (5v);
  • Inscrição: a inscrição foi efectuada por internet, no site da prova, de forma simples, tendo apenas dado origem a confusão o facto de o formulário de inscrição não ter devolvido uma resposta de confirmação. Para o pagamento, a organização disponibilizou o NIB de uma conta em Portugal, na CGD, de propósito para atletas portugueses. Após o pagamento, teve de se enviar por email a digitalização do talão que confirmava o mesmo, e a digitalização do BI/CC, embora o envio do documento identificativo apenas seja necessário da primeira vez em que se participa na prova, pois das vezes seguintes já constará da base de dados da organização. (8v);
  • Divulgação do evento: quanto à divulgação, não nos parece justo que façamos uma apreciação verdadeiramente global, pois decerto seria injusta (para o bem ou para o mal), dado que esta era uma prova em Espanha (ainda que na Galiza, que é vizinha da nossa região do Minho e que outrora estava sob a alçada da capital Braga e que hoje tem uma língua com as origens do Português) e, naturalmente, a divulgação decerto teve como público-alvo o público galego. Não obstante, e embora, como já foi referido, não nos tenha parecido que houvesse público entusiasmado com a prova (a não ser o simpático público que ia aplaudindo ao longo do percurso), a verdade é que a prova contou com muitos participantes (perto de 3000), o que decerto revela, por um lado, o amadurecimento de um evento que teve desta vez a sua 11ª edição e, por outro lado, acreditamos, revelará também o sucesso de uma divulgação que terá sido feita junto do público-alvo galego. Ainda que sem grande segurança, dado que a nossa opinião é apenas baseada em evidências que podem ou não resultar de um trabalho bem realizado (embora nos pareça que sim), atribuimos uma óptima classificação, de (8v);
  • Estacionamento: foi fácil, dado que chegámos cedo à zona da partida, e ficámos com um dos últimos lugares em frente à ria, mas outras pessoas não tiveram a mesma sorte, embora na verdade nos tenha parecido que não se viram obrigadas a estacionar a uma distância superior a 1km, ainda que não em lugares marcados mas em lugares "tolerados" em dia de prova (7v pelo estacionamento, embora nenhuma informação tenha sido fornecida);
  • Levantamento dos dorsais: efectuado num museu em frente à partida, não estava assinalado convenientemente na zona envolvente, porém foi extremamente fácil encontrá-lo e o levantamento dos dorsais decorreu sem bichas, até porque havia várias mesas de entrega, sendo que cada mesa encarregava-se dos dorsais de um certo intervalo de números e cada atleta via o seu número em folhas afixadas à porta. Não foi sequer preciso mostrar documento identificativo. Algo muito positivo relativamente aos dorsais: vinham com os nomes próprios dos atletas! É sempre porreiro que assim seja. Antes, apenas tínhamos tido dorsais com os nossos nomes na "1ª Corrida de Braga", e porque nos tínhamos inscrito numa primeira fase. É algo simples, mas fixe. (8v);
  • Animação em torno do local do evento: a animação, não sendo do nível da verificada em Lisboa nem mesmo da de Viana, era uma realidade, com um locutor a falar por colunas espalhadas ao longo da zona de partida. Parece-nos um ponto a melhorar e que facilmente poderá evoluir, por exemplo com música e com entrevistas. Talvez por a partida se localizar já na saída da cidade, ainda que numa zona de praia, e também talvez porque a prova apenas era constituída por uma meia-maratona e não também por uma mini-maratona e/ou caminhada, que atraem sempre muitos entusiastas menos preparados fisicamente e acompanhantes de atletas, não se sentia grande entusiasmo colectivo com o evento a não ser apenas por parte dos atletas. Na zona da meta, a animação era também algo reduzida, também com um locutor a ver os atletas a cortar a meta e a ir dizendo o nome de alguns (o Zé foi contemplado com tal honra). (5v);
  • Partida e Meta: a partida estava muito bem localizada, a meio de uma avenida larga (embora apenas uma via estivesse disponível, pois a via contrária fazia parte do percurso, que era circular numa fase inicial), mas não estava assinalada com um pórtico insuflável, apenas com uma corda cheia de bandeirinhas, que se via, mas praticamente só quando se chegava perto da mesma. Já na zona da meta, havia dois pórticos insufláveis... Embora o primeiro se encontrasse ao lado do percurso, apenas com a quase total aproximação ao mesmo era perceptível esse facto, pelo que confundia o atleta que, vendo-o ao longe, julgava ser a meta; felizmente, o segundo pórtico, que efectivamente era a meta, encontrava-se pouco depois, talvez a 200m (7v);
  • Abastecimentos: quanto a este ponto, a organização optou por fornecer apenas água (sem bebidas isotónicas nem fruta), nos kms 5, 10, 15 e 20 (conforme o plano) e, também de 5km em 5km, mas a partir do km 7,5 (e, depois, aos kms 12,5 e 17,5), deparámo-nos com uma novidade para nós (que, ainda que não extremamente profícua, agradecemos pela mesma, pois revelou-se de alguma utilidade), que foi o fornecimento de esponjas embebidas em água fresca, para os atletas de refrescarem na cabeça e pelo corpo abaixo, o que se revelou importante dado o calor e o sol que tão morenos nos deixou. talvez o ponto menos positivo a apontar à organização, dado que apenas foi fornecida água. Foi pena apenas ter sido fornecida água para beber mas, tirando isso, a organização mereceria uma muito boa nota neste campo!... Se... O final da prova estivesse organizado de outra forma: ao contrário das corridas a que já tínhamos ido, em que no final da prova são dadas aos atletas sacas com ofertas e com algo para beber e para comer, na Meia-maratona Vig-Bay, ao fim da corrida era fornecida comida e bebida, mas de uma forma muito desorganizada. Por um lado, imediatamente após a meta, havia logo garrafas de água (muito bem); por outro lado, mais à frente, num passeio em frente à fortaleza de Baiona, havia barraquinhas e balcões improvisados, cada um fornecendo algo diferente. Ora, com centenas de pessoas, não se sabia o que havia em cada posto e, para se chegar junto de cada um, tinha que se "furar" por inúmeros corpos suados (belhéque) e, em algumas, esperar um bom pedaço. Depois, havia que tentar a sorte no seguinte. Havia postos que forneciam (uma coisa em cada um): copo com 3 pedacinhos de quivi, bolo tipo pão de Deus sem coco mas sendo uma versão mil vezes pior e seca como se estivesse feito desde dias antes e fornecido sem condições visuais de higiene, copinho de pudim a imitar leite creme, donuts da Carte d'Or, água e Aquarius sabor natural (havia duas barracas para as bebidas, ambas fornecendo as duas bebidas). O Nuno lá se safou com dois donuts (esses, ao menos, vinham embalados), que foram os primeiros que provou, e com duas aquarius. O Zé provou qualquer coisita e também alinhou na Aquarius. Em suma, ninguém ficou sem restabelecer as energias, mas a forma de distribuição deixou muito a desejar. Pelos abastecimentos ao longo da corrida, atribuimos (8v); pelo que foi fornecido no fim da corrida, atribuimos (7v); pela forma de distribuição, atribuimos (4v); ainda assim, atribuimos, globalmente, com segurança, (7v);
  • Informação ao longo da corrida: foi boa, com cada quilómetro assinalado com uma bandeira bem visível, permitindo aos atletas controlarem o seu ritmo. Ao longo do percurso, vários escuteiros encontravam-se a meio da estrada, entre os dois sentidos, zelando pela organização. Não havia carros-cronómetro, mas para nós nem têm utilidade, pois controlamos o nosso tempo e e esforço (através da medição do ritmo cardíaco) com os nossos Sigma PC15, que já nos acompanham há anos. (7v);
  • Ofertas: aquando do levantamento dos dorsais, foi dada, a cada atleta, uma saca de ofertas. Em relação ao fornecido no fim da corrida, já foi discutido no ponto "Abastecimentos". Ora, tendo em conta o preço de inscrição pago (15€), a saca de ofertas deixou um pouco a desejar, pelo menos comparando com o que se verificou nas passadas meias-maratonas em Portugal. Todavia, a saca de ofertas não deixou de nos granjear com alguns itens que foram muito do nosso agrado, sobretudo os de insignificante valor mas de grande utilidade. A saca continha: uma folha com o programa do evento e com algumas informações (como as informações relativas aos autocarros que trariam de volta as pessoas a Vigo), 4 alfinetes [item que, embora possa parecer sem valor, devia ser fornecido em toda e qualquer corrida (nota: servem para pendurar os dorsais na camisola), o que deveras nos surpreendeu pela positiva, tal como o item seguinte], amostra de 4ml de gel de massagem para passar nos músculos após o exercício, um boné (e era bem porreiro, mas o Nuno correu com um boné de Portugal e o Zé gosta de tapar o sol com o cabelo), uma bonita camisola verde de correr aludindo ao evento, alguns papéis de publicidade, uma saca para os participantes meterem a roupa para usufruirem do já referido serviço de "guardarropa" e a própria saca que trazia as ofertas era porreita. Mas, e este é um "mas" muito forte!... Algo muito importante faltou!!! Não que devesse vir na saca das ofertas, mas faltou algo absolutamente importante (não pelo valor, mas pelo significado), que até esta vez sempre tínhamos tido quando cortávamos a meta: a acarinhada MEDALHA relativa à prova! Muito nos entristeceu não haver distribuição de medalhas e, por isso mesmo, em consciência não poderemos atribuir uma nota que não (6v).


1 - A camisola.























2 - O símbolo da camisola.
























  Embora não tenha sido um evento muito entusiasmante, a 11ª edição da Meia-maratona Vigo-Baiona de 11 de Abril de 2010 foi uma prova bastante interessante para se participar, com algumas novidades, sobretudo positivas. Foi bonita, teve momentos de muito sofrimento como sempre, mas momentos muito agradáveis também. Constituíu a primeira participação fora de Portugal, sendo a prova que, se puderem, os SB voarão alto, representando a nossa terra, as nossas gentes e a nossa forma de estar e de competir.
     Em 2011, provavelmente, será uma prova a repetir (se não jogar o Braga nesse dia, condição sine qua non para a participação em qualquer prova).

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